Pular para o conteúdo principal







Posso SER com meus limites? 

Em tempos de excesso de informações e idealizações, nos encontramos, constantemente, precisando dar conta de tudo: ser um excelente profissional, um bom filho, uma mãe ou pai exemplar, ter uma ampla vida social e virtual. Mas, e nossas limitações?

Há um mito grego que nos lembra isso, o de Atlas, um titã que pretendeu atacar o Olimpo e Zeus o condenou a carregar os céus para sempre nos ombros. Sua história passou a ser referência, para nós ocidentais, sobre como é pesado viver de obrigações e tarefas sem sentido existencial. Às vezes, entramos num modo automático de vida e vamos silenciosamente negligenciando as nossas verdadeiras necessidades e desejos.

Estamos bombardeados por expectativas internas e externas de como deve ser vivida a vida, e isso, muitas vezes, desperta em nós a idéia de um jeito exato ou correto de ser. Vamos, pouco a pouco, atropelando e desconsiderando o nosso SER, perdendo o contato com nossas referências internas, nosso ritmo e tempo próprio. 

Tentamos frequentemente espremer o tempo para realizar as coisas, como se ao FAZER tudo fôssemos sentir mais o SER que somos. Por vezes, o tempo do mundo e nosso próprio tempo andam em descompasso. E é aí, nesse desencontro sofrido, que normalmente surgem as primeiras perguntas de auto resgate: eu estou me atendendo ou me esquecendo? Me enxergando ou me atropelando? O que vale mais para mim? É necessário parar, nos conhecer, rever nossas prioridades, e reencontrar nossa verdadeira inspiração para viver. Fomos ensinados que para SER precisamos nos superar, ir além dos limites. Porém, os meus limites demarcam um espaço onde posso SER de verdade, onde a expressão de meus potenciais encontra terreno fértil para brotar. Com os meus limites eu sou real! 


(Texto produzido pelas psicólogas Ana Lídia Mafra, Lilian Tarabal e Luisa Conrado - Equipe CPH MINAS)
www.cphminas.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O PLANTÃO PSICOLÓGICO: UM ESPAÇO DE ESCUTA, ACOLHIMENTO E RESSIGNIFICAÇÃO O homem contemporâneo tem demandado novas formas de inserção do psicólogo; na verdade, uma nova postura, um novo olhar sobre ele. Portanto, necessitando de um profissional mais comprometido com o contexto social. A definição de clínica, em função disso, não pode mais se restringir ao local e à clientela que atende; trata-se, sobretudo, de uma postura diante do ser humano e sua realidade social, exigindo, portanto, do psicólogo, uma capacidade reflexiva continuamente exercitada em relação à própria prática, da qual se origine um posicionamento ético e político (Dutra, 2004). O plantão psicológico, segundo Oliveira (2005), acontece como um espaço que favorece a experiência, tanto do cliente como do plantonista, no qual o psicólogo se apresenta como alguém disposto, presente e disponível e não apenas como detentor do conhecimento técnico. E isto seria um estar junto, um inclinar-se na direção d...
COMO LIDAR COM A CULPA   Na vida, de forma geral,   estamos sempre nos responsabilizando pelos nossos atos. E isso é bom! No entanto, em alguns momentos, somos pegos, assumindo uma forma exacerbada com a perfeição que, ao percebermos falhas em nossas escolhas, damos permissão ao sentimento de culpa, gerando um desconforto interno.   Cada um de nós carrega a culpa por um motivo ou situação. Culpa pelas palavras duras ditas em uma discussão, culpa pelo fim de um relacionamento, culpa por não ter feito algo, culpa por dizer não ao filho, culpa por não saber dirigir, culpa por não saber falar inglês.   A lista pode ser interminável.    A culpa pode ser considerada paralisante, com isto,   comprometendo a relação da pessoa consigo mesma e com os outros. Devido a um alto grau de exigência, algumas pessoas podem se achar merecedora desse sofrimento, ocasionando uma má qualidade de vida e o adoecimento emocional. Não há uma disponibilidade para p...

A Interdependência como oportunidade de CUIDADO

A Interdependência como oportunidade de CUIDADO Apesar das grandes incertezas do momento que despertam em cada um de nós uma infinidade de sentimentos, estamos tocados pelo tema que está posto nas entrelinhas de todo o processo da Pandemia: a nossa real e profunda interdependência humana .   A afirmação das nossas diferenças culturais, religiosas, étnicas, ideológicas e outras mais, são convidadas, compulsoriamente, a darem lugar à consciência essencial de que somos HUMANOS concretamente entrelaçados a partir das nossas relações. E cada vez mais, as nossas distâncias vão nos aproximando da imperativa realidade da nossa mútua dependência. Outrora tão negada, nesse momento somos chamados a percebê-la a partir do reconhecimento elementar do que define a vida: o AR, respiramos a mesma existência desde que nascemos. Carl Rogers, importante psicólogo americano, há décadas nos orientava sobre essa realidade: “Aquilo que é mais pessoal, é o que há de mais geral...