Depressão
não é só tristeza e tristeza não é depressão. Às vezes, e principalmente a
olhos externos, elas podem parecer a mesma coisa, mas não são. A tristeza é
contextual, ela ocorre por um motivo, por um fato específico e ao ser sentida e
escutada damos espaço para que ela seja elaborada. Ao se permitir entrar em
contato com ela (a tristeza), consegue-se então, localizá-la, nomeá-la e
compartilhá-la. Em seu devido tempo, a dor, o desânimo e a desesperança
intrínsecos a esse sentimento perdem a força, ganham novos significados.
A depressão é um vazio, uma dor esmagadora. A pessoa
deprimida se sente inerte, a sensação de não conseguir seguir em frente impera.
Passa a apenas sobreviver, como se a vida perdesse o brilho, a cor e o viço e
ganhasse tons meramente opacos. A vida se torna uma obrigação, um fardo e até
mesmo aquilo de mais simples e básico é negligenciado ou, por outro lado,
vivenciado em demasia, como por exemplo, o ato de comer ou dormir. Ela pode ser
desencadeada por algum evento ou pode surgir inesperadamente. É mais difícil de
ser explicada para outra pessoa, por muitas vezes não haver um “motivo
aparente”, e até mesmo por isso o movimento é de isolamento, afastamento
daquilo e daqueles que se ama.
A depressão é um desespero silencioso, um grito abafado.
Como alguém afogando que já não consegue mais gritar por ajuda e, no total
desamparo e impotência, sequer sabe se vale a pena continuar lutando ou se não
adianta mais e é melhor desistir. Comumente
no estado depressivo a tristeza, a culpa, a revolta, a raiva e a falta de
sentido podem se fazer presentes, contudo não se reduz a nenhum desses
sentimentos e nem tampouco à soma de todos eles.
Não
ser julgada como fraca, fresca ou qualquer outra rotulação minimizadora e
depreciativa mas, pelo contrário, tomar à sério o seu sofrimento é o início de
qualquer auxílio que uma pessoa deprimida pode receber. Em sua luta silenciosa
certamente que sentimentos de fracasso já tenham sido vivenciados e julgamentos
negativos já tenham sido emitidos dela para consigo própria inúmeras vezes. Sua
autoestima e autoconfiança comumente ficam abaladas e, sem a força propulsora
que proporcionam, saltar do buraco em que se encontra é tarefa hercúlea. Uma
efetiva ajuda por parte de familiares, amigos e profissionais de áreas
competentes pode se dar na medida em que estiverem dispostos a ouvir e acolher
a experiência subjetiva da pessoa que vivencia a depressão.
Portanto,
se alguém se abrir com você sobre o que tem vivido em relação à depressão, não
diga “eu também já estive triste”, escute.
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