Foto de Iris Halmshaw aos 3 anos*
Crianças com TEA e as artes: um encontro possibilitador
De acordo com as estatísticas
internacionais estima-se que 1 em cada 68 crianças é diagnosticada dentro do
espectro do autismo.
Segundo o
DSM-5 os critérios diagnósticos do TEA (Transtorno do Espectro Autista)
baseiam-se em dois pontos centrais: déficits significativos e persistentes na
comunicação social e nas interações sociais; e padrões restritos e repetitivos
de comportamentos, interesses e atividades.
O
diagnóstico precoce é fundamental para que ações interventivas multidisciplinares
possam ajudar no processo de desenvolvimento e possibilitar maior independência
na vida adulta. Com o diagnóstico vem também uma enxurrada de informações quase
sempre ligadas às limitações e dificuldades que essas crianças virão a
enfrentar.
Diante disso, as artes podem ser um
convite para descobrir novas vias de expressão em um percurso existencial provavelmente
desafiador tanto para as crianças quanto para aqueles que as acompanham. Como
nos revela o adolescente com autismo Naoki Higashida, autor do livro “O que me
faz pular”: “O problema é que muitas crianças autistas não têm meios de se
expressar”.
Se crianças com TEA têm uma maneira
singular de compreender e se relacionar com o mundo e com as pessoas, por que
não oferecer-lhes outros espaços de expressão além dos de comum acesso? Esses
novos espaços podem ser propiciados, por exemplo, por meio das artes visuais,
da dança e/ou da música.
As práticas artísticas possibilitam
uma multiplicidade expressiva e uma potência de criação que podem ser
facilitadoras, e até mesmo terapêuticas, para essas crianças que muitas vezes
encontram barreiras na linguagem e na comunicação usuais.
O encontro entre as crianças com TEA e
as artes é uma interseção potencializadora. Com as artes o potencial específico
dessas crianças ganha um novo meio de expressão e, consequentemente, de uma
possível interação com o outro. Abre-se uma nova janela, uma nova possibilidade
de estar no mundo e de nos mostrar seu mundo particular.
*Iris é uma criança dentro
do espectro do autismo e começou a se expressar por meio dos quadros
incentivada pela mãe, Arabella Carter-Johnson, para compensar sua dificuldade
em se comunicar com os outros. A reportagem completa está disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2013/08/como-arte-pode-ajudar-no-desenvolvimento-de-criancas-autistas.html
(Texto produzido por André de Castro e Stéphanie Oliveira, psicólogos da Equipe CPH MINAS)
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