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O SER CRIANÇA...

No mês de outubro celebramos o dia da criança!
Festa, presentes, alegria!
Mas retiradas as lentes consumistas que as datas comerciais impõem, trazemos uma pergunta mais provocadora: o que é criança? Essa pergunta é um convite a pensar de que maneira vemos esse ser humano, criança, com o qual convivemos. Essa resposta indicará a maneira que escolhemos para interagir com crianças.
Não é fácil definir o que é criança... Talvez fique um pouco melhor se começarmos por dizer o que NÃO é criança! Gostaram da ideia? Vamos lá: criança não é inferior, não é pior, nem melhor, não é objeto, não é o futuro da nação, sua fragilidade não significa inferioridade, ela não é anjo, nem demônio. Precisamos ajuda-la a ocupar o seu lugar de direito.
A criança já foi pensada de várias maneiras diferentes, por vários estudiosos. Sobre seu desenvolvimento foram criadas muitas teorias, em psicologia, psicopedagogia, etc. Ao longo da história foram acontecendo mudanças progressivas no sentido de valorizar o lugar ocupado pela criança na família e na sociedade. E ela vem, gradativamente, assumindo identidade, voz e até um estatuto legal, o que faz com que a criança passe a ser compreendida dentro do contexto histórico em que está inserida.
Houve um reconhecimento de que a infância é uma fase do desenvolvimento humano muito rica e com suas particularidades que precisam ser entendidas, no pensamento, na comunicação, na maneira de elaborar os sentimentos, de introjetar a realidade a seu tempo e a sua maneira. Enfim, é preciso dar a devida atenção para as limitações próprias da idade, mas deixando que a criança seja sujeito de seu processo de crescimento. A infância precisa ser vivida, ela não é uma fase de transição somente.
Então, podemos dizer que criança é uma pessoa de pouca idade! Em seu processo de crescimento, com suas capacidades do momento específico de vida, que se constitui através de suas experiências internas, de suas interações consigo mesma, com o meio e com as relações interpessoais que estabelece, principalmente, com as pessoas que lhe são significativas.
E o que é uma pessoa significativa? É uma pessoa que ocupa um lugar de destaque na existência de outra, serve de “critério” externo de avaliação de sua experiência e de seus valores. Naturalmente as primeiras pessoas de nossas vidas são as pessoas que fazem a função de pai e mãe. Com o caminhar, vamos encontrando outras pessoas significativas. Muitas vezes a criança (e até adultos) toma emprestados os valores que estas pessoas têm dela para, a partir daí, construir sua autoimagem, seu autoconceito, sua autoestima. A princípio adotam esses valores como se fossem os seus, muitas vezes anulando os seus próprios e se guiando pelos do outro, por isso é tão importante para o desenvolvimento emocionalmente sadio, que as pessoas significativas facilitem o processo de desenvolvimento, mas sem tolher a autonomia e a liberdade, acreditando sempre na capacidade de desenvolvimento que existe dentro de cada criança, de cada ser humano.

 

A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Fernando Pessoa

(Texto produzido pelas psicólogas Dalissa Teixeira e Maria Luiza Rocha - EQUIPE CPH MINAS)
www.cphminas.com.br

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