Pular para o conteúdo principal

Birra: tentativa de comunicar algum sentimento


Hoje queremos conversar com vocês que são pais, avós, titios, enfim, cuidadores de nossas crianças. Há momentos em que seus comportamentos parecem incontroláveis. Uma irritação aparente   e uma reação inesperada diante de situações corriqueiras que ficamos paralisados ou devolvemos com uma  ação exasperada tentando conter essa atitude dos pequeninos.Não há motivo para desânimo ou desespero. Nestes instantes elas estão querendo nos transmitir alguma insatisfação. O adequado é conhecer a forma mais eficaz de agir. É, justamente, esta conversa que teremos hoje. Verificaremos o que nossos pequenos desejam nos dizer nesta forma de agir e, ainda, quais as condições necessárias que permitam aos responsáveis uma condução satisfatória para o desenvolvimento saudável na infância.
            O comportamento inadequado das crianças é conhecido popularmente como birra. A birra é uma forma da criança comunicar um sentimento, emoção ou necessidade não atendida através de um comportamento de choro, grito, ataque de raiva ou conduta inadequada. Devido a sua imaturidade emocional proveniente do seu desenvolvimento infantil, a criança não consegue verbalizar aos pais ou responsáveis o que está sentindo ou necessita no momento de birra. Dessa forma a criança busca esse mecanismo para se expressar.
Os pais ou responsáveis pela criança possuem um papel essencial no desenvolvimento emocional do filho(a) no momento da birra. Apesar de ser uma experiência desconfortável aos pais ou responsáveis, ela pode ser transformada em um momento de aprendizado para a criança e aproximação na relação entre pais e filhos.
A melhor forma de lidar com a birra do seu filho(a) é primeiramente direcionar sua atenção à criança e ajudá-la a identificar o que ela está querendo comunicar através daquele comportamento birrento, como por exemplo se é ciúmes, cansaço, raiva, tristeza ou fome. Após identificar o sentimento, emoção ou necessidade, os pais precisam comunicar ao filho(a) o que está percebendo, com a finalidade de acolher e validar a experiência. A correção do comportamento inadequado ocorre após o responsável compreender e validar o que a criança deseja comunicar. 
Os pais, como são a referência nessa relação, precisam assumir uma postura consciente e pensada, a fim de facilitar o processo de amadurecimento emocional da criança e promover seu desenvolvimento como um ser no mundo.

(Texto produzido pelas psicólogas Carla Sena, Renata Andrade, Polyana Esteves e Miriam Keli da Equipe CPH MINAS)





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O PLANTÃO PSICOLÓGICO: UM ESPAÇO DE ESCUTA, ACOLHIMENTO E RESSIGNIFICAÇÃO O homem contemporâneo tem demandado novas formas de inserção do psicólogo; na verdade, uma nova postura, um novo olhar sobre ele. Portanto, necessitando de um profissional mais comprometido com o contexto social. A definição de clínica, em função disso, não pode mais se restringir ao local e à clientela que atende; trata-se, sobretudo, de uma postura diante do ser humano e sua realidade social, exigindo, portanto, do psicólogo, uma capacidade reflexiva continuamente exercitada em relação à própria prática, da qual se origine um posicionamento ético e político (Dutra, 2004). O plantão psicológico, segundo Oliveira (2005), acontece como um espaço que favorece a experiência, tanto do cliente como do plantonista, no qual o psicólogo se apresenta como alguém disposto, presente e disponível e não apenas como detentor do conhecimento técnico. E isto seria um estar junto, um inclinar-se na direção d
COMO LIDAR COM A CULPA   Na vida, de forma geral,   estamos sempre nos responsabilizando pelos nossos atos. E isso é bom! No entanto, em alguns momentos, somos pegos, assumindo uma forma exacerbada com a perfeição que, ao percebermos falhas em nossas escolhas, damos permissão ao sentimento de culpa, gerando um desconforto interno.   Cada um de nós carrega a culpa por um motivo ou situação. Culpa pelas palavras duras ditas em uma discussão, culpa pelo fim de um relacionamento, culpa por não ter feito algo, culpa por dizer não ao filho, culpa por não saber dirigir, culpa por não saber falar inglês.   A lista pode ser interminável.    A culpa pode ser considerada paralisante, com isto,   comprometendo a relação da pessoa consigo mesma e com os outros. Devido a um alto grau de exigência, algumas pessoas podem se achar merecedora desse sofrimento, ocasionando uma má qualidade de vida e o adoecimento emocional. Não há uma disponibilidade para perdoar a si próprio e também aos o
QUAL O SEU OLHAR DIANTE DA VIDA? Perante uma situação, ou alguém, você observa o modo como a enxerga? Quais “lentes” você utiliza para olhar o mundo externo? Convidamos você a se atentar a isso.  Podemos nos surpreender ao perceber que muitas vezes tomamos nossas opiniões por verdades. Sem nos dar conta, somos críticos e cheios de pré-conceitos, como que querendo fazer o outro e o mundo a nossa imagem e semelhança.  E qual o problema disso? Por acaso não podemos ter concepções próprias a respeito de tudo e todos? Obviamente que sim, e não se trata aqui de um discurso moralista, porém é interessante perceber que tendemos a pesar na medida do julgamento para conosco mesmos na mesma proporção do peso que utilizamos para com o outro. (Entendendo o “outro” sempre como tudo que não eu mesmo). Sorvemos nosso próprio “veneno”: reduzindo o outro acabamos por nos inferiorizar e expor nossa própria pequenez. Reduzimos a nós mesmos, por estarmos enrijecidos.