DIÁLOGO: A ARTE DO ENCONTRO
Uma das
melhores coisas da vida é uma boa conversa, de preferência ao vivo!
Saber dialogar é sinal de maturidade, sabedoria e liberdade
para expressar nossa humanidade. Na abertura para o diálogo, nos lançamos ao
encontro com o outro e com o mundo. Mas, antes, o diálogo significa saber
ouvir, pois, a palavra primeira que nos chega é através desse sentido. Ouvir
demonstra interesse genuíno pelas pessoas, um movimento de perguntar e esperar
respostas, fazer reflexões no embalo do silêncio, evitar julgamentos
apressados... Para ouvir verdadeiramente alguém, é preciso fazer uma pausa, “deixar
de ter boca” como dizia Rubem Alves e estar aberto para o outro.
Nos consideramos comunicativos, escrevemos, falamos e somos
até capazes de manter diversas conversas em paralelo, mas, apesar das
aparências, parecemos ter esquecido como nos comunicar — no sentido mais amplo
da palavra. Na maioria das vezes os problemas relacionais são na verdade,
problemas de comunicação. Estaremos perdendo essa habilidade de troca, de
semeadura de novos olhares e contextos comuns?
Existem modalidades de “diálogos” que na verdade são
monólogos, onde ninguém ouve
de verdade, pois os interlocutores estão muito ocupados pensando na própria
fala. Estabelece-se um padrão que mais parece uma competição. Ao invés de ouvir
com entrega e atenção, permanecem condicionados a esperar por "sua vez de
falar" — ou apenas "rebater argumentos" de forma agressiva. Nesses
exemplos NÃO HÁ ESCUTA, consequentemente não haverá diálogo, uma vez que o
diálogo aponta para uma interação entre dois ou mais indivíduos.
O diálogo é a
verdadeira arte do encontro, da comunicação e da compreensão recíproca. E por
falar em encontro, disse Carl Gustav Jung: “o encontro de duas personalidades
assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre,
ambos sofrem uma transformação”. Entramos “lagartas” e saímos borboletas. Após
uma conversa autêntica e acolhedora, não seremos mais os mesmos. Se há relação,
afetamos e somos afetados pelo outro.
Nesse caso, o diálogo poderá promover transformação e aprendizado.
Aprender, desenvolver e praticar a arte do diálogo facilita
as interações e melhora os relacionamentos. O mundo fica muito mais
interessante, tolerante e humano. É
também a arte do silêncio para a compreensão, do relativismo para a empatia, da
coragem para a autenticidade. A arte do diálogo é feita por ideias e verdades
que se deixam tocar sem qualquer medo de mudança. Somos seres relacionais,
portanto, necessitamos de uma comunicação mais limpa de ruídos, mais clara e
autêntica.
"A
maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra.
Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e
entram em comunhão".
Nelson Rodrigues
Imagem: cena
do filme “Melhor Impossível” (1997)
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