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Aceitação: uma grande aliada para a ressignificação de uma vida com diabetes




Aceitação: uma grande aliada para a ressignificação de uma vida com diabetes


            “... Quando eu me aceito como sou, estou me modificando”. (Carl Rogers[1])

Está cada dia mais comum a presença do diabetes entre nós. Mais e mais pessoas ficam diabéticas em todo o mundo e o tratamento disciplinado e integral da pessoa diabética é fundamental para uma vida saudável. Muitas vezes a não aceitação dessa nova condição de vida se revela como uma das grandes barreiras na busca de uma harmoniosa cooperação entre a pessoa que está diabética, os familiares e os profissionais de saúde, como é desejado.
Diante do novo, do desconhecido, é comum que se apresentem o medo, a insegurança a necessidade de defesa psíquica. Didaticamente é possível descrever algumas fases do processo que se desenrola. Lembrando que as fases não são estandardizadas, sendo possível voltar a algumas delas em vários momentos da vida.
Temos, então:
·         A negação da nova realidade, não suportando, nem mesmo, falar sobre o assunto; podendo vir a recusa do cuidado e do autocuidado.
·         Como não é possível continuar negando o diabetes por muito tempo, pelas consequências que surgem, aparece a raiva. A pessoa sente-se “injustiçada”, podem surgir indagações do tipo: “por que justo eu”?
·         Surge, então, a tentativa de reverter a situação com promessas e barganhas, negociando com Deus e consigo em troca da mudança.
·         Ao perceber que as tentativas de negociação não trouxeram os resultados esperados, há uma tendência ao isolamento, um fechamento em seu mundo interno, passando por uma fase de tristeza profunda, podendo chegar a depressão.
·         Como uma superação das fases anteriores, caminha-se para a aceitação! De si, da nova condição de vida, da necessidade de cuidados diários, etc. A pessoa não se encontra mais em desespero e começa a perceber que sua saúde, o bom controle glicêmico e a qualidade de vida dependem dela, em grande medida.

A pessoa é tomada de certa paz e tranquilidade quando entende que os fantasmas dos medos e insegurança ficarão bem menores à medida que se apoia nos cuidados integrais e se abre ao conhecimento do diabetes e ao autoconhecimento.
Somente à medida que se conhece e se aceita com seu novo “estilo vida”, é possível desenvolver o autocuidado, o autoamor, autonomia para gerir sua vida de maneira saudável.
Logicamente cada pessoa tem sua maneira e seu tempo de fazer esse caminho e não há receita pronta, mas é quando se chega a aceitação, que mudanças construtivas e necessárias ocorrerão.



                               “... Não podemos mudar, não nos podemos afastar do que somos enquanto não aceitarmos profundamente o que somos”[2].



[1] ROGERS, C. Tornar-se Pessoa. 5ª edição, pág. 20; São Paulo: Martins Fontes, 1997.
[2] Idem.

(Texto produzido pela psicóloga Maria Luíza Rocha de Andrade da Equipe CPH MINAS)


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