Pular para o conteúdo principal


SOMOS PLURAL

Ao nascer, o ser humano não sabe se alimentar, se mover, se comunicar, se proteger,
manter a saúde. É mais dependente e por mais tempo do que qualquer outro animal.
Mesmo quando cresce, sozinho não é capaz de prover a si mesmo das necessidades mais
elementares. Ter um abrigo, alimento apropriado, condições essenciais para o seu
desenvolvimento biopsicossocial. Ele precisa de um outro que o confirme em sua
existência, precisa experimentar a afetividade sadia para então desenvolver autoconfiança e
autoamor. Precisa ser inserido em uma cultura para vivenciar o pertencimento e realizar as
suas potencialidades em um grupo.

Durante toda a vida vão tecendo-se teias de relações interpessoais, onde todos têm sua
importância, mas nem todos percebem esta importante dinâmica existencial. Precisamos
uns dos outros em maior ou menor escala, mas precisamos do outro até e principalmente,
para nos constituirmos como um EU. Preciso, dentro de um espaço de autonomia e
liberdade, que o outro me veja para que eu me sinta presente. É a presença do outro que
oferece significado à existência, e pode facilitar minhas realizações e bem-estar.

Ao contemplar as várias maneiras pelas quais me beneficio das contribuições de inúmeras
pessoas, inclusive de estranhos, reconheço que é a presença do outro que torna a minha
vida possível. Na liberdade e responsabilidade de me tornar um existente, no dever de
realizar o meu projeto existencial, sou sozinho, mas é a presença do outro que me confirma
na minha existência. Somos plural!

De qual entrelaçamento inimaginável entre pessoas e relações dependo para que minha
vida seja possível momento a momento? Refletir sobre isso me protege do isolamento e do
autocentramento.

“O ser humano se torna eu pela relação com o você, à medida que me torno eu, digo você.
Todo viver real é encontro.” (Martin Buber)

(Texto produzido pelas psicólogas Dalissa Vieira Teixeira e Maria Luiza Rocha – Equipe
CPH MINAS / Arte: @carluccio7)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O PLANTÃO PSICOLÓGICO: UM ESPAÇO DE ESCUTA, ACOLHIMENTO E RESSIGNIFICAÇÃO O homem contemporâneo tem demandado novas formas de inserção do psicólogo; na verdade, uma nova postura, um novo olhar sobre ele. Portanto, necessitando de um profissional mais comprometido com o contexto social. A definição de clínica, em função disso, não pode mais se restringir ao local e à clientela que atende; trata-se, sobretudo, de uma postura diante do ser humano e sua realidade social, exigindo, portanto, do psicólogo, uma capacidade reflexiva continuamente exercitada em relação à própria prática, da qual se origine um posicionamento ético e político (Dutra, 2004). O plantão psicológico, segundo Oliveira (2005), acontece como um espaço que favorece a experiência, tanto do cliente como do plantonista, no qual o psicólogo se apresenta como alguém disposto, presente e disponível e não apenas como detentor do conhecimento técnico. E isto seria um estar junto, um inclinar-se na direção d...
COMO LIDAR COM A CULPA   Na vida, de forma geral,   estamos sempre nos responsabilizando pelos nossos atos. E isso é bom! No entanto, em alguns momentos, somos pegos, assumindo uma forma exacerbada com a perfeição que, ao percebermos falhas em nossas escolhas, damos permissão ao sentimento de culpa, gerando um desconforto interno.   Cada um de nós carrega a culpa por um motivo ou situação. Culpa pelas palavras duras ditas em uma discussão, culpa pelo fim de um relacionamento, culpa por não ter feito algo, culpa por dizer não ao filho, culpa por não saber dirigir, culpa por não saber falar inglês.   A lista pode ser interminável.    A culpa pode ser considerada paralisante, com isto,   comprometendo a relação da pessoa consigo mesma e com os outros. Devido a um alto grau de exigência, algumas pessoas podem se achar merecedora desse sofrimento, ocasionando uma má qualidade de vida e o adoecimento emocional. Não há uma disponibilidade para p...

A Interdependência como oportunidade de CUIDADO

A Interdependência como oportunidade de CUIDADO Apesar das grandes incertezas do momento que despertam em cada um de nós uma infinidade de sentimentos, estamos tocados pelo tema que está posto nas entrelinhas de todo o processo da Pandemia: a nossa real e profunda interdependência humana .   A afirmação das nossas diferenças culturais, religiosas, étnicas, ideológicas e outras mais, são convidadas, compulsoriamente, a darem lugar à consciência essencial de que somos HUMANOS concretamente entrelaçados a partir das nossas relações. E cada vez mais, as nossas distâncias vão nos aproximando da imperativa realidade da nossa mútua dependência. Outrora tão negada, nesse momento somos chamados a percebê-la a partir do reconhecimento elementar do que define a vida: o AR, respiramos a mesma existência desde que nascemos. Carl Rogers, importante psicólogo americano, há décadas nos orientava sobre essa realidade: “Aquilo que é mais pessoal, é o que há de mais geral...