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SOMOS PLURAL

Ao nascer, o ser humano não sabe se alimentar, se mover, se comunicar, se proteger,
manter a saúde. É mais dependente e por mais tempo do que qualquer outro animal.
Mesmo quando cresce, sozinho não é capaz de prover a si mesmo das necessidades mais
elementares. Ter um abrigo, alimento apropriado, condições essenciais para o seu
desenvolvimento biopsicossocial. Ele precisa de um outro que o confirme em sua
existência, precisa experimentar a afetividade sadia para então desenvolver autoconfiança e
autoamor. Precisa ser inserido em uma cultura para vivenciar o pertencimento e realizar as
suas potencialidades em um grupo.

Durante toda a vida vão tecendo-se teias de relações interpessoais, onde todos têm sua
importância, mas nem todos percebem esta importante dinâmica existencial. Precisamos
uns dos outros em maior ou menor escala, mas precisamos do outro até e principalmente,
para nos constituirmos como um EU. Preciso, dentro de um espaço de autonomia e
liberdade, que o outro me veja para que eu me sinta presente. É a presença do outro que
oferece significado à existência, e pode facilitar minhas realizações e bem-estar.

Ao contemplar as várias maneiras pelas quais me beneficio das contribuições de inúmeras
pessoas, inclusive de estranhos, reconheço que é a presença do outro que torna a minha
vida possível. Na liberdade e responsabilidade de me tornar um existente, no dever de
realizar o meu projeto existencial, sou sozinho, mas é a presença do outro que me confirma
na minha existência. Somos plural!

De qual entrelaçamento inimaginável entre pessoas e relações dependo para que minha
vida seja possível momento a momento? Refletir sobre isso me protege do isolamento e do
autocentramento.

“O ser humano se torna eu pela relação com o você, à medida que me torno eu, digo você.
Todo viver real é encontro.” (Martin Buber)

(Texto produzido pelas psicólogas Dalissa Vieira Teixeira e Maria Luiza Rocha – Equipe
CPH MINAS / Arte: @carluccio7)

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